quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Definindo desejos.

“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa e especialidade do meu desejo. Esta escolha, tão rigorosa que só retém o Único, estabelece, por assim dizer, a diferença entre a transferência analítica e a transferência amorosa; uma é universal, a outra é específica. Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontre a Imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Eis o grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou apenas uma parte desse corpo? E, nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem a tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é o meu desejo, tanto que único: “É isso! Exatamente isso (que amo)!” No entanto, quanto mais experimento a especialidade do meu desejo, menos posso nomeá-la; à precisão do alvo corresponde um estremecimento do nome; o próprio do desejo não pode produzir um impróprio do enunciado: deste fracasso da linguagem, só resta um vestígio: a palavra “adorável” (a boa tradução de “adorável” seria ipse latino: é ele, ele mesmo em pessoa)."

Roland Barthes

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Gente.

”Tem gente que Deus coloca na nossa vida só pra nos dar paz. Que nos empurra pro melhor de nós, que nos guia pro caminho do bem. Gente que é sorriso em dia feio, que é suporte quando parece faltar chão. Tem gente que pensa e repensa jeitos de nos fazer bem, que se preocupa e demonstra.  Gente que é abraço, mesmo de longe, e a certeza que tudo vai dar certo. Que empresta coração pra gente morar, que planta pensamentos bonitos nos dias da gente."

Karla Tabalipa

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A cegueira do mundo.

Façamos um manifesto pelo fim de bocas que não te olham, de mãos que te afagam e não te sentem, de pegadas que não se doam.
Precisamos tirar a venda dos olhos, começar a focar o olhar, tornar um observador, interessado, atento, sentir o outro, importar, parar de julgar.
Treinar o olhar é abrir-se para perceber o que acontece a seu redor, enxergar o avesso, sair do óbvio.
Vamos apurar o olhar curioso, criativo e destemido em prol de relações mais intensas e verdadeiras. Olhe a pessoa que acabou de conhecer e se deixe olhar. Não tenha medo, quebre a passividade do ver, nada de mal pode lhe acontecer. Muito pelo contrário, no máximo você vai descobrir alguém interessante, reconhecer afinidades, dar risadas e bons beijos.

Lia Rocha [adaptado] 
Trecho extraído do blog: http://www.casalsemvergonha.com.br/

O vício.